terça-feira, 13 de julho de 2010

Cinza


Hoje...
O dia estava lindo.
Ar que espera chuva.
E choveu.
A paisagem vestiu suas vestes acinzentadas.
Nubladas.
Perpétuas.
Eu me senti mais viva, me senti viva mais uma vez
entre a neblina, a chuva, o vento, a garoa.
E tão cinza como filmes em preto e branco.
Feito os anúncios de jornal.
Cinza.
Feito grandes prédios sem tinta
Ou como o metro e carros que pintamos de cinza.
Cinzas.
E lavamos as almas, as respirações.
Eu me entreguei ao prazer de ver, de olhar
e continuou tudo cinza.
Foi mesmo um lindo dia.
Todo acinzentado, ensimesmado.
Turvando as luzes da metrópole
São novos pontos de vista
(um em cada gota de chuva).
Pontos e ponteiros do relógio.
Gotas de remédios, gotas de chocolates.
Pontos em gotas. Prismas!
Sem coloridos.
Todos adormecidos.
Asfalto cinza. Sofá cinza.
Cinzas de algum cigarro.
Cinzas entre o preto e o branco.
E no meio da chuva e da ventania
paira o silêncio quieto, cismado.
Ele luta pra ser ouvido
nesse lindo dia cinza que foi...
Hoje.

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