sexta-feira, 3 de abril de 2009

Casa.

Mais um outono chegou e meu maior medo continua gritando, como fazer para não deixar mais um outono escapar?


Quero caminhadas solitárias e melancólicas sobre as flores e folhas caidas no andar contra o vento.
Assim que o frio chegar, um cachecol quente e uma xicará de chá. Alguém que toque uma canção pra me acompanhar. Quero tardes inteiras perdidas e deslumbradas sobre folhas de papel e lápis, e tinta e pincéis.
Caso o sól apareça, quero esmiuçar a coloração amarelo e alaranjada refletidas na parede.
Quero olhar para o topo das árvores e ver aquele verde de literatura.
Um cheiro bom e um bom livro. Ou muitas folhas em branco pra escrever. O silêncio no entardecer e falar sobre poesia.
No centro de nossa grande cidade, cinzenta e apaixonante, caminhar no abraço de um grande amor. Assistir uma peça de teatro e tomar café quente e espumante.
Suspirar.
Longas madrugadas despertas e carismáticas.
Quando se está perdido, procurando um abrigo, eu estou buscando minha casa.
Um lugar que me complete e me faça entender esta vida.
Procuro respostas e me parece que elas se encontram sob uma luz gótica e deverás melancólica. Olho a ventura dos gatos cochilando e percebo como tudo poderia ser mais simples. Mas não é, não é mesmo?
E se fecharam uma oportunidade, de repente não dá mais, temos que nos erguer e construir outra. E como?
A gente nunca sabe o caminho, nunca. Todos, todos os mapas estão velhos, e as estradas estão aí pra cobrir as marcas do passado.
E tudo que eu queria era olhar pela janela e poder dizer que ainda sou uma parte do Outono, mas ele provavelmente não me esperará e eu vou continuar procurando coragem e meios de resgate.
Ah, outono.
Hoje eu me contaminei de minha essencia e me sinto contente e ridícula ao mesmo tempo. Tantos problemas, tantas dificuldades. E como eu faço pra ajudar o mundo?
Vai anoitecer e eu não sei como fazer para recuperar e aceitar a verdade.
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. Desenho de Durër - Melancolia.

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